BOMBEIROS ESTÃO PRESENTES EM APENAS 7% DOS MUNICÍPIOS MINEIROS

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Apenas 54 municípios têm unidades da corporação, que também apresenta déficit de pessoal

 

Reportagem: Luciana Gonçalves / Informações: O Tempo – Fotos: Pacheco de Souza

Operação de resgate em PL

Operação de resgate em PL

Uma barreira geográfica é enfrentada por moradores de 799 municípios mineiros que não têm um posto militar dos bombeiros em seu perímetro, o equivalente a 93,6% do Estado. Muitas cidades, pequenas em sua maioria, somam cerca de 40% da população de Minas – o que significa que ao menos 8 milhões de habitantes não contam diretamente com o serviço, essencial em incêndios ou acidentes com vítimas presas às ferragens. Comparando com outros Estados do Sudeste, Minas só perde para São Paulo em quantidade de municípios com Corpo de Bombeiros (54 contra 148).

Vítima é levada no Helicóptero dos Bombeiros para BH

Vítima é levada no Helicóptero dos Bombeiros para BH

Equipe. O Corpo de Bombeiros também apresenta um déficit de 15,9% no número de militares. Atualmente, são 5.380 profissionais prestando atendimentos, sendo que o ideal, segundo regimento interno da corporação, seriam 6.400. “Já

temos 960 soldados e 60 alunos para oficiais em treinamento, que estarão nas ruas até outubro deste ano”, afirma o capitão Frederico Pascoal, da assessoria de imprensa da corporação.

O número de militares na instituição também não atinge o recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em Minas, há um bombeiro para cada 3.717 habitantes, sendo que o preconizado é um a cada mil. Seguindo o parâmetro da ONU, o Estado teria que quase quadruplicar o seu efetivo.

Região Norte é a mais crítica devido à distância entre os municípios  

Aeronave dos Bombeiros durante resgate em PL

Aeronave dos Bombeiros durante resgate em PL

Se um incêndio ou um acidente grave ocorrer no extremo Norte do Estado, o socorro do Corpo de Bombeiros pode levar até quatro horas para chegar. As duas unidades da corporação que ficam em Montes Claros, na região, são responsáveis por atender a 51 municípios em um raio que ultrapassa 200 km. Dessa cidade até Taiobeiras, por exemplo, a distância é de mais de 240 km. Com caminhões pesados carregando água e equipamentos, a velocidade máxima dos veículos gira em torno de 50 km/h, segundo o capitão Frederico Pascoal. Segundo ele, a região Norte de Minas é a mais crítica em relação à falta de estrutura do Corpo de Bombeiros. “Ela é a mais complicada, exatamente porque o número de municípios é menor e a distância entre eles, maior”, avalia. Outro agravante é a BR–251, que corta o Norte de Minas até a Bahia e registra alto índice de acidentes. “É uma rodovia de pista simples e com tráfego intenso de caminhões. É muito comum termos ali vítimas presas às ferragens”, relata o sargento Kollek Pereira, que atua na 1ª Companhia de Montes Claros.

PEDRO LEOPOLDO

Bombeiros evitam que fogo atinga o Galpão da ASCAPEL

Bombeiros evitam que fogo atinga o Galpão da ASCAPEL

Com os Pedro Leopoldenses não é diferente, o município além de não possuir uma unidade dos Bombeiros, também não possui o SAMU – Serviço de atendimento Móvel de Urgência. Em caso de urgência e emergência a população tem que esperar a chegada dos Bombeiros do 2º Pelotão em Vespasiano, que também são responsáveis pelo atendimento em mais 12 municípios: Capim Branco, Confins, Lagoa Santa, Matozinhos, São José da Lapa, Jaboticatubas, Santa Luzia, Santana do Riacho, Vespasiano, Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Norte e Morro do Pilar. A cidade conta com a ONG Brigada Civil de Emergência de Pedro Leopoldo, mas pela falta de investimento do poder público e também de parcerias, o serviço prestado encontra várias limitações como falta de equipamentos e pessoal capacitado. O serviço tem ajudado a salvar muitas vidas prestando o atendimento inicial até a chegada dos Bombeiros, que demoram no mínimo meia hora para chegar ao município.

QUANDO ACIONAR O SOCORRO?

Abafadores são usados no combate

Abafadores são usados no combate por voluntários da Brigada de PL

Atuação. O Corpo de Bombeiros (telefone 193) atende todos os casos de urgência e emergência, em especial, incêndios, acidentes em que há pessoas presas às ferragens de veículos e vítimas de afogamento e de soterramento.

Parceria. A central de atendimento dos bombeiros atua em parceria com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atende os casos pré-hospitalares, como problemas cardiorrespiratórios e acidentes sem vítimas presas às ferragens (o telefone do Samu é 192).

Casos. No ano passado, os bombeiros atenderam 17.957 ocorrências de incêndio no Estado, o que dá uma média de 49 casos por dia.