Tabuleiro Jazz Festival marca a história de Conceição do Mato Dentro

Evento levou música de alta qualidade à região e incrementou o ecoturismo e a economia local

Texto de Cláudia Brandão / fotos: Dudu Mattos

A lua cheia deu as boas-vindas aos participantes do Tabuleiro Jazz Festival, que lotaram o evento para assistir aos shows e a outras manifestações culturais, entre os dias 27 e 30 de abril. Uma comunhão de grandes artistas nacionais e internacionais com um público que somou 5 mil pessoas nos quatro dias de evento, para celebrar o jazz contemporâneo.

A plateia pode apreciar um repertório variado de estilos, em apresentações de alta qualidade. Tudo isso, num cenário emoldurado pela natureza exuberante que caracteriza Tabuleiro, distrito de Conceição do Mato Dentro (MG).

A programação do primeiro dia do evento realizado pela prefeitura municipal de Conceição do Mato Dentro trouxe artistas locais, que receberam os visitantes com um repertório variado, incluindo sucessos da MPB, do blues e da música folclórica regional. Neste dia, se apresentaram Estevam Rupestre, Deco Lima, Filipe Gaeta Blues Band e Caxi Rajão Trio.

Segundo Filipe Gaeta, foi uma oportunidade para mostrar a forte cena musical e cultural da cidade. “Além da participação dos músicos locais, tivemos o talento dos artistas de Conceição na galeria de arte do festival, com a curadoria do artista Paulo Virgílio (Grilo), que também criou as esculturas entregues aos músicos, e na cenografia do evento, assinada pelo arquiteto Flávio Lima”.

No segundo dia, uma das apresentações mais emocionantes, de acordo com a plateia e os próprios músicos, foi o reencontro de Joyce Moreno e Toninho Horta, parceiros de longa data, que brindaram o público com composições próprias e músicas de Tom Jobim. “Fiquei impressionado com a performance de Toninho Horta em seu ambiente, tocando para as pessoas de seu país”, afirmou o multi-instrumentista americano Paul McCandless, uma das principais atrações do festival.

O violão de Joyce e o alcance de sua voz afinadíssima também foram muito aplaudidos. “O violão manda em mim”, afirmou a cantora, o que parecia mesmo verdade, tamanha a sintonia e intimidade entre eles. Joyce lembrou sua participação no início da carreira de Toninho Horta. “Fui eu quem gravou primeiro uma música dele, em 1968, quando fiz meu primeiro disco”, afirmou. A música em questão, Litoral, foi uma das canções que encantaram o público durante o show.

Atrações internacionais

O fagote mágico do americano Paul Hanson deixou a plateia em êxtase. Acompanhado dos excepcionais músicos brasileiros Magno Alexandre, Enéias Xavier e Marcio Bahia, Hanson impressionou o público com sua performance, extraindo os mais diversos sons do fagote, com improvisações e ritmos diversos. “Ele é o John Coltrane do fagote”, afirmou o médico José Arthur Aguiar, que acompanhou o show.

Um dos momentos mais aguardados do festival foi a apresentação do americano Paul McCandless. Junto com Alieksey Vianna, violonista e curador do evento, Michael Eckroth, pianista e tecladista, além do baixista suíço Stephan Kurmann e do baterista Lincoln Cheib, o legendário integrante do grupo Oregon mostrou composições do DVD Ébano, lançado no Brasil durante o festival, além de músicas brasileiras.

A banda Pife Muderno, de Carlos Malta, fechou a programação de shows com chave de ouro. Diante de uma plateia vibrante que comungou com a energia mágica do grupo, Carlos Malta, Andreia Dias, Oscar Bolão e Durval Pereira deram um show de talento, criatividade e alegria, levantando o público.

Enquanto os diversos instrumentos desfilavam pelo palco nas mãos dos instrumentistas, a plateia se impressionava com os sons que eles eram capazes de produzir e se encantava com o ritmo contagiante do Pife Muderno. Carlos Malta resumiu, ao final do show, o desejo dos que acompanharam o evento. “Vida longa ao Tabuleiro Jazz Festival. E que ele mantenha essa mesma proposta que trouxe tanto sucesso ao evento”.

Durante os intervalos e ao final dos shows, o público dançou e se divertiu ao som dos Djs Alisson e Rodolfo, que relembraram sucessos dos anos 80 e 90. Outra atração imperdível foram as barracas com gastronomia regional, bebidas, souvenirs e vários outros produtos de Conceição do Mato Dentro e região, com a participação do Chef Danilo Simões. No último dia de evento, a cidade mostrou toda a sua tradição cultural com a apresentação do Cataventoré e do Pipiruí, que possui uma história secular.

Mais de 50 crianças participaram do Clubinho de Jazz, que contou com oficina de confecção de instrumentos com sucata, teatro cantado, cantigas de roda e outras canções da MPB, sob a orientação das professoras Luciana Barros e Naíssa Rajão. A programação foi encerrada com a peça Maria Saudade, encenada pelo grupo Maria Tiana, que resgata a história de uma importante personagem da comunidade de Conceição do Mato Dentro.

Segundo a dentista Ana Paula Muchon, que veio de BH para ver o festival, o evento privilegiou não só a música, mas também o bem-estar dos participantes. “Além dos shows fantásticos, percebemos que toda a estrutura, a qualidade do som, o comércio e a segurança foram muito bem pensados”, afirmou. Para ela, o maior diferencial do festival foi a preocupação da produção de integrar a comunidade de Tabuleiro ao evento. ”Eles participaram do festival, não só acompanhando os shows, mas mostrando sua gastronomia e suas manifestações culturais”, explicou.

Reconhecimento e geração de renda

Além de proporcionar momentos especiais para os apreciadores do jazz, o Tabuleiro Jazz Festival trouxe reconhecimento ao distrito e ao município de Conceição do Mato Dentro, como difusor de cultura, incrementando o ecoturismo e gerando renda para os moradores. De acordo com o prefeito municipal, José Fernando de Oliveira, o festival superou as expectativas e veio para ficar. “Este evento é a âncora do investimento que estamos fazendo no turismo”, afirmou.

Para o presidente da Câmara de Vereadores do município, João Marcos, o festival foi um divisor de águas para Tabuleiro.  “O evento vai levar o nome de Tabuleiro para Minas e para o Brasil. Essa foi apenas a primeira edição. Chegaremos à centésima”, completou.

A comunidade local, segundo o vereador Gilberto do Tabuleiro, abraçou o evento, o que gerou bons frutos. “O festival incrementou a economia local, gerando renda para todos. O evento trouxe um boom para o turismo de Tabuleiro como nunca se viu antes”, observou.

Essa grande integração com a comunidade local foi uma das responsáveis pelo sucesso do Tabuleiro Jazz Festival. Todas as quinze barracas da feirinha do distrito participaram do evento. Com doação de tinta da prefeitura, as casas de Tabuleiro foram repintadas em sistema de mutirão. Também foi realizado um levantamento de casas que moradores desejavam alugar para que fossem divulgadas. Além disso, a renda obtida com a cessão de espaço para barracas participantes que não são de Conceição será doada à Associação de Tabuleiro.

Vaiane Almeida, moradora do distrito, destacou o evento como fonte de conhecimento cultural e musical para os tabuleirenses. “Por outro lado, tivemos a chance de apresentar a cultura local para os visitantes, além da natureza exuberante”. Vaiane ressaltou ainda a perfeita interação entre as pessoas e a natureza e a visibilidade que o festival deu à cidade. “O evento aumentou exponencialmente o reconhecimento do nosso pequeno grande Tabuleiro e de Conceição do Mato Dentro. Será super bem-vinda uma nova edição. Já estamos aguardando ansiosamente”, completou.

O QUE ELES ACHARAM:

Paul McCandless

“Os concertos foram maravilhosos. Fiquei especialmente impressionado com a performance do Toninho Horta tocando em seu habitat. Gostei muito dos shows, tanto quanto das pessoas cantando as músicas que conhecem bem e que têm um sentido especial para elas”.

Paul Hanson

“A música brasileira tem muita variedade, ritmos fantásticos, melodias muito ricas. O fagote é um instrumento de música clássica, mas a música brasileira permite bastante improvisações com o instrumento. O Brasil também possui grandes músicos. Espero poder tocar mais vezes com eles e desenvolver novos projetos”.

Marcio Bahia

“Esse encontro é sensacional porque mistura culturas. Com isso, aprendemos, compartilhamos experiências, juntamos forças. Estou maravilhado com a estrutura do evento e com o distrito de Tabuleiro”.

Toninho Horta

“Aqui é minha segunda casa. Neste show, estou ao lado de uma das maiores cantoras brasileiras, com quem tenho uma afinidade universal.

O evento teve excelente produção e divulgação. O prefeito José Fernando está de parabéns pela iniciativa de trazer música sofisticada de forma gratuita para que as pessoas da região tenham a oportunidade de saboreá-la. Estou gratificado por ter participado do Tabuleiro Jazz Festival”.

José Fernando de Oliveira

“O evento superou as expectativas e veio para ficar. O festival é a âncora do investimento que estamos fazendo no turismo de Conceição do Mato Dentro”.

Vereador Gilberto do Tabuleiro

“O Tabuleiro Jazz Festival inc”rementou a economia local, gerando renda para todos e trazendo um boom para o turismo do município. A comunidade abraçou o evento e participou ativamente”.

João Marcos Otoni Seabra – presidente da Câmara

“O evento foi um divisor de águas para Tabuleiro e vai levar o nome do distrito para Minas e para o Brasil. A prefeitura foi muito feliz na iniciativa. Essa foi apenas a primeira edição. Chegaremos à centésima.”

Carlos Malta

“Natureza, como a de Tabuleiro, é a cara do Pife Muderno, que eu digo que faz música de fadas e duendes.

No evento, tivemos uma presença muito marcante dos músicos e o público estava com sede nos olhos, numa energia perfeita. Temos esse elemento da tradição das bandas de pífano e produzimos essa labareda que cria empatia do público com a própria vida. Essa mistura que envolve desde o elemento mais primitivo até o mais rebuscado promove o encantamento.

Desejo vida longa ao festival e que ele se mantenha nesses moldes, com muito sucesso.”

Magno Alexandre

“O festival foi fantástico.  Surpreendente trazer essa estrutura para Tabuleiro e muito bom ver o evento cheio, com apresentações emocionantes, como a de Toninho Horta e Joyce.

Foi a primeira vez que nos apresentamos neste quarteto e ficamos muito satisfeitos com o resultado. Gostei muito da mistura da guitarra com o fagote de Paul Hanson.”

Mike Eckroth

“Adorei a experiência de estar no Tabuleiro Jazz Festival. Tive a oportunidade de tocar novamente com amigos muito próximos, as faixas do DVD Ébano, que produzimos juntos. Muito legal ver o público superconcentrado ouvindo nossa música.”

Vaiane Almeida – moradora de Tabuleiro

“O evento trouxe uma experiência única, com renomados e encantadores artistas, além de grande conhecimento cultural e musical. Apresentou a cultura local para os visitantes e proporcionou muito entretenimento e diversão para o público.  A organização visou o bem-estar e segurança das pessoas, com medidas de proteção inteligentes para evitar danos à natureza. O evento aumentou o reconhecimento de Tabuleiro e Conceição do Mato Dentro. Será super bem-vinda a próxima edição. Estamos aguardando com ansiedade.”

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